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Foto do escritorRaíssa Ruperto

Problema da Carne: é a Solução para a Fome

Você sabia 75% das áreas cultiváveis no planeta Terra atualmente são destinadas para a produção de animais? Você sabia que 35% das calorias advindas do uso de terras cultiváveis no mundo são destinadas para a alimentação de animais para abate e produção de leite e ovos? Você sabia que dessas 35% de calorias, somente 4% se convertem em alimentação para os seres humanos?

Existe uma disparidade notável entre as regiões que cultivam principalmente para consumo humano direto e aqueles que produzem culturas para outros uso. A América do Norte e a Europa dedicam apenas cerca de 40% de sua colheitas para direcionar a produção de alimentos, enquanto a África e a Ásia destinam normalmente mais de 80% de suas terras cultivadas para culturas alimentares. Faixas extremas de análise podem ser avaliadas entre o meio oeste dos Estados Unidos (menos de 25%) para o sul da Ásia (mais de 90%).

Ao comparar o mapa da áreas cultiváveis que destinam calorias aos seres humanos, é claro perceber que a África e a Ásia são os países que mais cultivam a suas terras para a alimentação interna. No entanto, ao analisar o mapa da inadequação dietética ao redor do mundo é claro perceber que países da África Central são os mais afetados pela fome, mesmo utilizando a maior parte das suas terras para o cultivo. Tal fator pode estar relacionado a baixa tecnologia implantada no sistema de agricultura dessas lugares. A pobreza faz com que o aproveitamento da terra cultivável seja menor, reduzindo assim a quantidade de pessoas alimentadas por hectare. Daí a importância do apoio entre as nações da Terra para tornar possível um apoio mútuo para sanar questões básicas de sobrevivência humana por meio do compartilhamento de tecnologias e programas de financiamentos.

Existe uma falsa ideia de que o ser humano necessita de proteína de fonte animal para manter a saúde. Os grãos, legumes, frutas, vegetais, óleos e muitos outros alimentos tem a proporção nutricional para suprir a demanda nutricional individual, sem a necessidade do consumo extremo de carne. Das proteínas vegetais produzidas nas terras cultiváveis no mundo, 53% são destinadas para a alimentação de gado, enquanto 40% é destinada para a alimentação direta de seres humanos.

Um boi de abate tem em médica 30 meses de vida e 450kg de peso. Ao longo de sua vida esse animal consome 13,5kgs de alimento por dia (3% do seu peso em média). Desse alimento, 73,3% é composto de fibras e o restante 22,66% uma combinação de proteínas, carboidratos e gorduras. Dessa forma, um boi consome em média, 3,6kgs de uma ração combinado de nutrientes, excluindo o consumo de fibras. Para fins didáticos vamos utilizar o milho como principal componente dessa ração, representando o valor de 22% da alimentação desse boi (3kgs/dia), por ser um dos alimentos mais disponibilizados para o gado de corte. Logo um boi em toda a sua vida, consome o total de 2.700kgs de milho.

O valor nutricional de um kilograma milho é de 980kcal. Logo, o consumo de milho de um boi de corte durante a sua vida, poderia ser revertido em 2.646.000 kcal para consumos dos seres humanos.

Atualmente, o mínimo de calorias que devem ser ingeridas por uma pessoa diariamente é de 1,828kcal. Se o milho que atualmente está sendo direcionado para a criação e matança de bois para consumo, fosse direcionado para pessoas com fome, poderíamos alimentar 4,02 pessoas diariamente pelo período de um ano, comendo o necessário para as suas necessidade energéticas. Importante salientar que esse cálculo está sendo feito só com o milho, e que a dieta de um ser humano necessita ser variada e rica, mas pensando no conceito de sanar a fome, começar só com uma variedade dietética já seria de grande ajuda, pois quem tem fome, comeria milho em todas as refeições para não morrer.

Além disso, um boi de 450kgs, gera em média, 225kgs de carne. Um kg de carne tem o valor energético de aproximadamente 2.000kcal a depender da peça. Logo, um boi de 450kg disponibilizaria pra os seres humano o valor de 450.000kcal. Logo, a carne desse boi só serviria para alimentar 0,68 pessoa diariamente pelo período de um ano.

Ademais, um boi de 450kgs necessita ingerir 10% do seu peso de água por dia. Logo, durante a sua vida, esse boi consumiria 40.500litros de água. Caso essa água fosse alocada para consumo dos seres humanos, seria possível matar a sede de 55 pessoas pelo período de um ano, consumindo 2 litros de água por dia.

Reduzir o consumo de produtos animais que se alimentam de grãos em 50% disponibilizaria calorias suficientes para alimentar 2 bilhões de pessoas atualmente.

Outro ponto fundamental referente ao consumo de carne é a questão econômica. Milhares de dólares seriam economizados se não houvessem investimento massivos na indústria da carne, que atualmente alimenta menos de 20% da população mundial, e ocupa mais de três quartos das terras cultiváveis. O valor do contra filé hoje no Brasil é de 55 reais/kg. O valor do milho é de 1,41 reais/kg. O valor do arroz é de 4,5reais/kg. Logo, o consumo de alimentos de origem vegetal, além de impactarem menos o meio ambiente e serem benéficos para organismo humano, são positivos para no balanço econômico individual e coletivo.

Importante lembrar ainda que 18% da emissão de gases de efeito estufa é causado pela criação de animais.

De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) sobre Como alimentar o mundo até 2050: "os níveis de renda serão muitos múltiplos do que são agora. Para alimentar essa população maior, mais urbana e mais rica, a produção de alimentos usados para biocombustíveis deve aumentar em 70%. A produção anual de cereais terá de aumentar para cerca de 3 bilhões de toneladas de 2,1 bilhões hoje e a produção anual de carne precisará aumentar em mais de 200 milhões de toneladas para atingir 470 milhões de toneladas." Contudo nesse relatório não é pontuada a necessidade de REDUZIR o consumo da carne que é uma das causas da degradação do meio ambiente e uma via para sanar o problema da fome e das consequências do crescimento populacional.

Pode-se concluir com esses cálculos, que a redução do consumo de carne pode fazer com que mais pessoas possam se alimentar. Além de poupar animais do sofrimento.

O mundo tem os recursos e a tecnologia para erradicar a fome e garantir alimentos para todos, apesar dos desafios. É necessário mobilizar a vontade política, empresarial e social para construir ações de conscientização e de incentivo para garantir que sejam direcionados investimentos e políticas para reduzir a criação de animais para matança, a fim de auxiliar na erradicação da fome entre os seres humanos.


A hora de agir é agora.

Para iniciarmos a mudança, é preciso estar disposto a mudar.

Assim, transformaremos o planeta Terra.



Fontes:

CASSIDY, Emily S. WEST, Paul C. GERBER,James S. FOLEY, Jonathan A. Redefining agricultural yields: from tonnes to people nourished per hectare, Environmental Research Letters, Volume 8, Number 3, August 2013.

FOLEY, Jonathan A et al. Solutions for a cultivated planet. Nature, v. 478, October, 2011.

FAO, How to Feed the World in 2050<Microsoft Word - Synthesis_Report.doc (fao.org)>

Nações Unidas <https://news.un.org/pt/story/2022/07/1794722>

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